Never skip the intro, stay there!
Foi exactamente há um ano atrás. O espectáculo “Residência (Artística)” estreava no Teatro-Cine de Torres Vedras: pecaminosamente autofágico (como todos os que fiz até então: nada de novo!), apresentava em modo quasi-antológico todos os defeitos-apanágio do meu discurso, os mesmos que eu sei que nunca funcionaram, jamais irão funcionar, e que sempre irritam cerca de 90% da plateia. Insisto neles como quem investe num amor incondicional por um objecto inanimado — é irracional e é inútil, se calhar por isso mesmo é Amor; e os 10% de “iluminados” compensam todas as catástrofes… Era também um espectáculo sobre o “efémero” (such a cliché!…), essa qualidade (condição?) inalienável das artes que se querem vivas, e a razão (única) pela qual continuo a acreditar ser possível (logo, necessário) continuar a fazer/pensar Arte. “Residência (Artística)” estreou no dia 27 de Março porque calhou; e em Torres Vedras porque sim. Comemorava-se o espectáculo que estreava, não essa entidade patronal (qual invisível Big Brother) que dá pelo nome de “Teatro”. Ou seja, dava-se o primeiro arranque público de um projecto que pretendia ser apresentado em mais sítios; por empatias diversas, Torres Vedras foi o primeiro a chegar-se à frente.
Esta minha vontade de, um ano depois, voltar a (re)mexer em palavras e imagens que muitos querem esquecidas (ou então camufladas em placebos cosméticos de baixa categoria), não tem nada a ver com uma ideia irónico-retórica de celebração “póstuma” de um espectáculo que deu a maior bronca da história das broncas “rogerianas”; tem antes a ver com o facto de, à distância de um ano, e através de um epifenómeno que continuo a achar pertinente discutir, permitir-me hoje — 27 de Março de 2013 —, a pronunciar publicamente o meu mais infectado repúdio pela instauração de um Dia Mundial que celebra o “Teatro” (essa falsa efeméride que de efémera vai tendo cada vez menos), e com isso poder, real e concretamente, enterrar um morto com 12 meses de vida. Só eu, mais ninguém, o poderá fazer… E tem que ser agora.
A minha motivação também não é a da diabolização de uma cidade que até gosto e da qual tenho as melhores memórias pessoais e profissionais; o que aconteceu, há um ano, em Torres Vedras, podia ter acontecido em Lisboa, no Porto, em Freixo de Espada à Cinta ou em qualquer outra parte do País mais ou menos (des)centralizada; e depois não tenho qualquer interesse em reactivar o mau cheiro re-mexendo na merda (em Torres Vedras há muitos moinhos de vento, if you know what I mean…). A minha vontade é, sim, a de regressar às questões importantes que a apresentação deste espectáculo levantou, que para mim são as estritamente ARTÍSTICAS (e todas as outras que o “artístico” tem por hábito parasitar), para tal utilizando o micro-cosmos que foi este espectáculo e daí inferir macro-sintomas de uma doença maior que afecta outros artistas (mais ou menos demissionários) como eu. Por exemplo: o que aconteceu, há um ano, em Torres Vedras, obrigou-me a reenquadrar não aquilo que entendo por efemeridade, ou a forma como a torno operacional nos projectos que faço, mas antes o tipo de impacto que as artes performativas (logo, efémeras) tem na vida das pessoas e a forma como as mesmas lidam com essa efemeridade. Os textos que pretendo re-publicar, a partir de hoje, explicarão melhor esse reenquadramento.
Apesar de tudo, porém, a estreia deste espectáculo e os acontecimentos que se sucederam nos meses seguintes (alguns sintomas, ainda que adormecidos, continuam em curso hoje…) não correspondeu a um wake up call, não marcou nenhuma transição estético-programática no meu trabalho, não me fez ver nada que eu já não soubesse/conhecesse. Clarificou, sim, a lista de razões que me fazem odiar o Teatro (o tal da falsa-efeméride, bem entendido…) que se faz (ou seja: vê, compra, produz, programa, fala…) em Portugal, com o que isso tem de jogos de interesses mais ou menos encapuçados, colaborações manhosas, (re)aproveitamentos políticos, enredos venezuelanos, confusões históricas entre Arte e Desporto, ou então entre Arte e Turismo, Arte e Cultura, Arte e Museologia, Arte e História (da Arte), Arte e Crítica, Arte e Artesanato, Arte e Espiritualidade, Arte e Educação, Arte e Terapia, Arte e Propaganda (Política), Arte e Merchandising (ou seja, Arte e Fashion Design), Arte e Ergonomia, Arte e Religião (e Moral), entre outras reminiscências empoeiradas da moral judaico-cristã, mas também, e sobretudo, todos os fenómenos antropossociais que circundam os protagonistas das Artes, transformando-os em gestores de marca num mercado de valores absolutamente pobre e decadente. Num plano estritamente pessoal (que posso e devo partilhar), este reenquadramento fez-me também concluir (por A + B!), que muitas vezes “bom senso” é sinónimo exacto e inequívoco de lambe-cusismo.
Em suma, Torres Vedras mostrou-me, há um ano atrás, e em modo concentrado e pronto-a-levar (na cara, e com força!) as razões que explicam o hiato ético que muitas vezes afasta artistas de público, artistas de instituições, público de instituições e instituições de tudo o resto. Essa ideia, a última das ideias românticas!, entretanto comprada pelas indústrias criativas, que diz que “todos somos artistas” (logo, que todos somos críticos, produtores, realizadores, curadores, programadores, técnicos de luz e de som, jornalistas culturais, secretários-de-estado da cultura, comentadores políticos, etc.) foi-me apresentada em Torres Vedras na sua forma disforme, na sua versão monstro: uma espécie de caricatura hiperbólica de todos os chavões da contemporaneidade artística que eu já nem discutia, e que me vi obrigado a repensar — a liberdade de expressão (artística e não só), a relação da Arte com o Poder, a ética do observador/espectador, o carácter enunciativo da Arte after Kant after Duchamp, todos os mal-estares da pós-modernidade, o papel do Cinismo enquanto discurso e enquanto ética artística, etc., etc., etc… Este meu revisionismo, hoje, é uma reacção à falta de compreensão, à ignorância, à intransigência, ao preconceito e ao enviesamento ético-moral. Mas é também uma prospecção para o futuro (o meu e o de todas as pessoas que comigo colaboraram).
Passei uma década da minha vida (e do meu trabalho) a dar razão ao Joseph Beuys; hoje, passado um ano desde o advento desse não-evento que foi a “Residência (Artística)”, desejo ardentemente que o Joseph Beuys esteja a arder no inferno. É esta a maneira mais honesta que tenho de comemorar o Dia Mundial do Teatro. Afirmando: não, meus queridos, temos pena, mas não somos todos artistas…
Esta minha vontade de, um ano depois, voltar a (re)mexer em palavras e imagens que muitos querem esquecidas (ou então camufladas em placebos cosméticos de baixa categoria), não tem nada a ver com uma ideia irónico-retórica de celebração “póstuma” de um espectáculo que deu a maior bronca da história das broncas “rogerianas”; tem antes a ver com o facto de, à distância de um ano, e através de um epifenómeno que continuo a achar pertinente discutir, permitir-me hoje — 27 de Março de 2013 —, a pronunciar publicamente o meu mais infectado repúdio pela instauração de um Dia Mundial que celebra o “Teatro” (essa falsa efeméride que de efémera vai tendo cada vez menos), e com isso poder, real e concretamente, enterrar um morto com 12 meses de vida. Só eu, mais ninguém, o poderá fazer… E tem que ser agora.
A minha motivação também não é a da diabolização de uma cidade que até gosto e da qual tenho as melhores memórias pessoais e profissionais; o que aconteceu, há um ano, em Torres Vedras, podia ter acontecido em Lisboa, no Porto, em Freixo de Espada à Cinta ou em qualquer outra parte do País mais ou menos (des)centralizada; e depois não tenho qualquer interesse em reactivar o mau cheiro re-mexendo na merda (em Torres Vedras há muitos moinhos de vento, if you know what I mean…). A minha vontade é, sim, a de regressar às questões importantes que a apresentação deste espectáculo levantou, que para mim são as estritamente ARTÍSTICAS (e todas as outras que o “artístico” tem por hábito parasitar), para tal utilizando o micro-cosmos que foi este espectáculo e daí inferir macro-sintomas de uma doença maior que afecta outros artistas (mais ou menos demissionários) como eu. Por exemplo: o que aconteceu, há um ano, em Torres Vedras, obrigou-me a reenquadrar não aquilo que entendo por efemeridade, ou a forma como a torno operacional nos projectos que faço, mas antes o tipo de impacto que as artes performativas (logo, efémeras) tem na vida das pessoas e a forma como as mesmas lidam com essa efemeridade. Os textos que pretendo re-publicar, a partir de hoje, explicarão melhor esse reenquadramento.
Apesar de tudo, porém, a estreia deste espectáculo e os acontecimentos que se sucederam nos meses seguintes (alguns sintomas, ainda que adormecidos, continuam em curso hoje…) não correspondeu a um wake up call, não marcou nenhuma transição estético-programática no meu trabalho, não me fez ver nada que eu já não soubesse/conhecesse. Clarificou, sim, a lista de razões que me fazem odiar o Teatro (o tal da falsa-efeméride, bem entendido…) que se faz (ou seja: vê, compra, produz, programa, fala…) em Portugal, com o que isso tem de jogos de interesses mais ou menos encapuçados, colaborações manhosas, (re)aproveitamentos políticos, enredos venezuelanos, confusões históricas entre Arte e Desporto, ou então entre Arte e Turismo, Arte e Cultura, Arte e Museologia, Arte e História (da Arte), Arte e Crítica, Arte e Artesanato, Arte e Espiritualidade, Arte e Educação, Arte e Terapia, Arte e Propaganda (Política), Arte e Merchandising (ou seja, Arte e Fashion Design), Arte e Ergonomia, Arte e Religião (e Moral), entre outras reminiscências empoeiradas da moral judaico-cristã, mas também, e sobretudo, todos os fenómenos antropossociais que circundam os protagonistas das Artes, transformando-os em gestores de marca num mercado de valores absolutamente pobre e decadente. Num plano estritamente pessoal (que posso e devo partilhar), este reenquadramento fez-me também concluir (por A + B!), que muitas vezes “bom senso” é sinónimo exacto e inequívoco de lambe-cusismo.
Em suma, Torres Vedras mostrou-me, há um ano atrás, e em modo concentrado e pronto-a-levar (na cara, e com força!) as razões que explicam o hiato ético que muitas vezes afasta artistas de público, artistas de instituições, público de instituições e instituições de tudo o resto. Essa ideia, a última das ideias românticas!, entretanto comprada pelas indústrias criativas, que diz que “todos somos artistas” (logo, que todos somos críticos, produtores, realizadores, curadores, programadores, técnicos de luz e de som, jornalistas culturais, secretários-de-estado da cultura, comentadores políticos, etc.) foi-me apresentada em Torres Vedras na sua forma disforme, na sua versão monstro: uma espécie de caricatura hiperbólica de todos os chavões da contemporaneidade artística que eu já nem discutia, e que me vi obrigado a repensar — a liberdade de expressão (artística e não só), a relação da Arte com o Poder, a ética do observador/espectador, o carácter enunciativo da Arte after Kant after Duchamp, todos os mal-estares da pós-modernidade, o papel do Cinismo enquanto discurso e enquanto ética artística, etc., etc., etc… Este meu revisionismo, hoje, é uma reacção à falta de compreensão, à ignorância, à intransigência, ao preconceito e ao enviesamento ético-moral. Mas é também uma prospecção para o futuro (o meu e o de todas as pessoas que comigo colaboraram).
Passei uma década da minha vida (e do meu trabalho) a dar razão ao Joseph Beuys; hoje, passado um ano desde o advento desse não-evento que foi a “Residência (Artística)”, desejo ardentemente que o Joseph Beuys esteja a arder no inferno. É esta a maneira mais honesta que tenho de comemorar o Dia Mundial do Teatro. Afirmando: não, meus queridos, temos pena, mas não somos todos artistas…
#1
Porque não existe maneira virtuosa de se SER efémero, o método mais eficaz de apresentar os dados em jogo será talvez o da técnica do ipsis verbis — sem edições jornalísticas nem Photoshops ideológicos. O primeiro round chama-se “FACEBOCAS”:
Dinis Coelho — Acho vergonhoso ainda existirem pessoas que apoiam este paneleiro com a mania que é irreverente. Este palhaço serve-se do talento das pessoas, e da sua ingenuidade, para as manipular, a este ponto tão alto de estupidez . Acho indecente andarem a roubar dinheiro com este tipo de actuações baratas e pouco fundamentadas.
ESTUFA Plataforma Cultural — pouco fundamentadas dinis?! devias ter lido a folha de sala, acompanhado o tumbler e perguntado se querias saber mais.. Acho completamente desapropriada a tua abordagem. Entratento falamos. Diana Coelho
Dinis Coelho — O que se viu no palco nao foi minimamente bem feito, foi um conjunto de cenas sem nexo deixando-vos à deriva no palco sem saber o que fazer,e cenas planeadas para chocar só porque é giro.
Roger Hipérbole Madureira — Tu sim és indecente! Chamas o Rogério de paneleiro, mas já olhaste bem para ti oh macaco da percussão?! Ainda bem que fizemos o pior espectáculo do ano! Ainda bem que não gostaste! Ainda bem que ficaste chocado! Agora não venhas falar sobre fundamentação nem acusar-nos de actuações baratas! A informação está toda à vista para os inteligentes e se não está tens 7 pessoas em palco que respondem pelos seus actos e ideologias! Tiveste a decencia de ir falar com algum de nós? Com a tua irmã por exemplo que estava lá? Suponho que não. Enfim não tenho mais nada a dizer deste rídiculo comentário enquanto interprete deste espectáculo. Boa tarde
David Bernardes — DInis venho-me juntar a festa e à troca de palavra que por vezes ofensivas sobre este espectaculo. Nada que tenha sido feito neste espectáculo foi-nos imposto até porque se olhares para a informação nós somos os sete co-criadores deste espectaculo a responsabilidade é de todos e de cada um individualmente porque no que eu fiz em cena foi onde até poderia ir e até poderia ir mais longe mas não fui porque sei que estou numa terra de mentes fechadas. Nada foi para chocar por ser giro, isso já foi feito milhares de vezes mas p´los vistos nesta terra não. Eu amo muito torres vedras e gosto das pessoas tenho sorrisos para dar a todos e como aceito que nao gostem do espectaculo aceitem tambem que não me apetece ouvir provocações porque apenas e só querem mostrar revolta e não compreensão. Sei que compreensão com este espectaculo é dificil mas peço Respeito e aconteceu em Torres Vedras mas é com toda a gente. EPah Respeitem-se se nao gostam afastem-se e não julguem. Cada qual segue o seu caminho. Um bom almoço
Ruben Monteiro — Roger Hipérbole Madureira…calminha meu amigo!Que há por aí mais macacos da percussão e eu sou um deles!Felizmente não vi este espectáculo…e como diz o David e bem: quem nao gosta que se afaste….eu já o fiz e há mt….ja deixei a minha cota parte para espectáculos que não consigo entender…talvez por estupidez ou por ignorância minha, quando o espectáculo sai furado diz-se que ninguem entendeu e é tudo malta limitada sem visão…pelo que sei houve garrafas no cu e tudo…ainda estou para perceber a intelectualidade e a arte nisto…gosto muito da minha amiga Diana Coelho e só por respeito a ela não me estendo mais…até já
Roger Hipérbole Madureira — Ruben não se trata de gostar ou não gostar, trata-se de respeitar coisa que muita gente não faz. Não considero as pessoas que não entenderam ignorantes ou estúpidas. Acho que as pessoas que não entenderam o espectáculo ou algumas cenas dele, mal informadas. Isto porque não leram a folha de sala ou não compraram a fanzine. A informação e explicação para tudo o que se passou em palco está à vista de todos e assim sendo só não sabe quem não leu. O espectáculo ao contrario do que se pode pensar não saiu “furado”. Prometemos “o pior espectáculo do ano”, e cumprimos com tal. Quanto à situação da garrafa no cu aconselho quem não percebeu a ver o filme “Trash” Paul Morrisey, filme que estava exposto na fanzine. Talvez assim se torne perceptível. Quanto à situação do “macaco da percussão”, a única coisa que tenho a dizer é que quem insulta não pode estar à espera de não ser insultado. Mesmo que não tenha sido directamente para mim, como co-criador do espectáculo senti-me insultado e resolvi responder. Acho que esta situação infeliz deve ficar por aqui. Quem não percebeu e queira perceber tem 7 pessoas disponíveis para dar as respostas, com toda a calma e compreensão. Cumprimentos.
André Santos — O quanto é lamentável toda esta situação. Desde que a palhaçada começou que só se manda coisas para o ar, sem sequer se tentar perceber fosse o que fosse. Acho indecente, desnecessário, ridículo, infantil, patético, e mais um milhão possível de coisas, esta situação de merda que se gerou. Se não queria ver, saísse da sala, se ficou foi porque de alguma forma lhe tocou, ou mexeu. Tinha alguma coisa a dizer porque não disse directamente às pessoas envolvidas em vez de deixar comentário execráveis aqui? Um bom lado de senso comum, coragem, precisa-se parece-me. E ninguém manipulou ninguém, ninguém se aproveitou de ninguém, ninguém usou ninguém, diga-se!!! Quanto a fundamentações, só nao leu quem nao quis, já o disse o meu caro amigo Roger no comentário acima. Pergunto-me: “Será que foi adão que quis comer a maçã, ou foi a eva que lhe deu para comer?” em ambas as situações Adão comeu por que quis. Como aqui, só comeu quem quis ser pecador!!! quem não quis comer não comeu é santo! Quem comeu e depois critica é pecador reprimido. Eu sou pecador ASSUMIDO!!! E quem não gostou, e achou o espectáculo de merda, muitas outras coisas. OBRIGADO!! Queriamos que fosse o pior espectáculo do ano. MISSÃO CUMPRIDA!!
Ruben Monteiro — Sois os maiores!Se vocês são artistas eu não sou!beijinhos 😉
Pedro Fortunato — então os senhores fazem um espetáculo para uma plateia inteira, divulgam nas ruas e nas redes sociais e depois quem não gostou ou quem quer opinar tem de ir bixanar nos bastidores, não pode usar os mesmos meios? desde “O Fontanário” que a arte provoca estas paixões nos seus recetores, não podemos querer que seja tudo uma cambada de gente passiva que rece o lhes é dado sem ripostar. ou era essa a intenção dos criadores? se é para soltar a repressão do pecado é tão válido usar um espetáculo como chamar nomes no Facebook, ora essa…
Raquel Monteiro — Com todo o respeito pelo que tentaram fazer, durante um espetaculo onde indecências e coisas sem nexo aconteciam resolvi ler a folha de sala. No meu entender não conseguiram transmitir nada do que lá estava escrito. Não causaram CHOQUE mas sim INDIFERENÇA, DESRESPEITO E NOJO perante as pessoas que dispuseram do seu tempo e dinheiro para apoiar um suposto trabalho de jeito. Quem expõem um trabalho seja onde for, não pode esquecer o respeito que deve à audiência. Uma vez que o espectáculo não era para maiores de 18, estavam crianças na sala que não tinham de levar com esta irreverencia sem escrúpulos. Se querem fazer alguma coisa de jeito, abram os olhos ao Mundo e trabalhem!
André Santos — Desculpa cara Raquel mas não causamos choque? Então toda a polémica a volta de uma cena TEATRAL que é enfiar a garrafa no cu, tem tudo haver com INDIFERENÇA e DESRESPEITO? não me parece. Para além de que nunca mas nunca obrigamos ninguém a ir ver nada. E sim Pedro divulgamos e recebemos criticas positivas e negativas de algumas pessoas, mas sempre com respeito como qualquer cidadão comum, não vieram aqui “bixanar” como referiste insultando as pessoas. E minha cara Raquel quanto à faixa etária do espectáculo, não sabes muita coisa a esse respeito! Se soubesses talvez não referias esse ponto, mas essa também é uma questão que me ultrapassa. E na minha opinião é algo que tem haver com a entidade produtora de um espectáculo. E não entremos por “abrir os olhos ao Mundo” por nem tu, nem eu, nem ninguém conhece o mundo todo!E se falas tanto por não abres tu os olhos ao mundo, ao invés de andar a perder tempo com estas coisas. Se chamas irreverencia sem escrúpulos a uma cena teatral o que chamarás a um video pornográfico que hoje em dia todas as crianças tem acesso? A privatização das coisas dá pano para mangas, e lamento não vou discuti-lo contigo, tenho bem mais que fazer. E quanto ao dinheiro que gastas-te fala com a estufa, não fales com os actores nem encenador! Mas contudo, eu agradeço a vossa opinião e os vossos comentários!Mais força nos dão. Diana Coelho, meu bem, só lamento isto tudo por ti.
Rui Matoso — Já agora, se me permitem… a única coisa a lamentar, de facto e de direito, é a ausência de classificação etária, mas a responsabilidade disso é do Teatro-Cine (entidade pública tutelada pela Câmara Municipal)…gostava de ver então a mesma intolerância aqui verbalizada contra a CMTV! Apesar de ser um assumido “epic fail”, este ” espectáculo” é bem capaz de ficar para a história das artes em Torres Vedras. De resto ainda não percebi qual é a acusação estética …cenas sem nexo ? cenas com sexo ? muitos gays em cima do palco ao mesmo tempo ? depravação ? … foram enganados pela propaganda ? …paciência o que é que se há-de fazer !!!…ou como diz o poet,a primeiro entranha-se… 🙂 … ou… pedir o livro de reclamações. Para os “artistas” , entre aspas porque sei que essa é uma identificação que gostariam de recusar, e acho bem, deixo aqui o meu apoio e solidariedade pelos resultados. Força ! Onde posso comprar a Fanzine?…que não vi, nem a folha de sala.
Ruben Monteiro — Têm todos é uma granda cantiga…ó lai larai li ló lé la, ó lai larai li ló ló….
Carlos Ruivo — Opa este “espectáculo” não existe em Vídeo? Depois desta conversa, Fiquei curioso…
Yaga Baba — realmente… Nem vídeos nem fotos… Então pessoal?
Roger Hipérbole Madureira — André Santos e Rui Matosoobrigado pelo teu comentário! Rui a fanzine pode ser comprada através de qualquer um de nos ou mesmo junto da Estufa se ainda tiverem algum exemplar com eles. Carlos Ruivo e Yaga Baba o vídeo e as fotos ainda não nos foram entregues e por isso ainda não foram divulgados, mas assim que possível estarão online. Ruben Monteiro não estamos a dar cantigas a ninguém e muito menos a dar uso ao ditado popular que diz que “com papas e bolos se enganam os tolos”, só queremos mais uma vez aquilo que não nos têm dado, ou seja, respeito e liberdade artística seja lá isso o que for.
Raquel Monteiro — A nossa liberdade acaba quando começa a dos outros. Quando voces não respeitam e alegam que ninguem entende e que voces é q são muito inteligentes não estao a respeitar os outros. O respeitos não se impõem conquista-se! E como esta conversa já enjooa e o espectaculo chegou para perder tempo, fico por aqui!
Yaga Baba — ai não vos deram liberdade artística? ahaha Tá boa essa. Fico então a aguardar essa fotos e/ou vídeos. Roger that.
Rui Matoso — Esta conversa toda começou enviesada, e por isso é desinteressante do ponto de vista das artes. Se alguém quisesse discutir os pressupostos e as opções estéticas/éticas teria de começar por conhecer o trabalho anterior do Rogério Nuno Costa e as suas ideias…mas não foi isso que aconteceu. O que sinceramente mais me choca é ver os elementos da banda Albaluna (que pressuponho se consideram artistas/músicos) a denegrir o trabalho de outros também supostos artistas, e isso, desculpem, não tem sentido, só revela ódio e mal estar cultural. Isto porque, seria igualmente fácil e gratuito, começar a injuriar o trabalho dos Albaluna, o qual como sabem aprecio! Portanto, o que seria útil e lógico é haver uma maior compreensão e gosto pela diversidade de práticas artísticas, sejam elas mais consensuais ou mais fracturantes do ponto de vista social. Há espaço para todos e para mais, cada proposta deve conquistar os seus públicos e o Teatro-Cine deve ser um palco aberto a todas as tendências, gostos e formas de arte. Afinal, qual de nós é capaz de cumprir o papel de júri e avaliador estético ? Temos conhecimentos para isso ? Temos Curriculum ? Temos experiência suficiente ? NÃO…então é preciso ter cuidado para não fazermos o papel de censuradores ao serviço não sei de que interesses. Não somos todos boas pessoas ? Good Vides ? Cool ? Ecologistas, respeitadores dos direitos humanos, etc…e outras etiquetas mais…então comportemo-nos como tal e não fazer estalar o verniz assim tão facilmente. Ok ?! Paz e Amor !!!! 😉
ESTUFA – Plataforma Cultural — Rui Matoso e Yaga Baba Sim, temos as fanzines e fotos do espectáculo. Podemos fazê-las chegar caso o pretendam. obrigada pelo interesse.
Ruben Monteiro — Podes crer!grande mal estar cultural…a denegrir o quê?!O pior espectáculo do ano?já está denegrido por si…e volto a salientar…EU NÃO SOU ARTISTA!Levem lá a liberdade artistica!
Luis Rafa T Matos — O gosto de cada um é único, e é a impressão digital de cada alma e das suas emoções/razões. Dito isto, compreendo as opiniões encolerizadas, assim como as palavras dos performers. Num evento teatral desta natureza, abre-se espaço para a expressão da tão reprimida pulsão, nas suas mais variadas vertentes de existência; Tanto a pulsão do fazer, como a pulsão do não fazer. Este espectáculo, por trabalhar elementos que se inserem nos “hiatos” da narrativa clássica, i.e. por corporizar o que se costuma esconder a bem do entendimento e/ou da moral e até do ritmo narrativo, correu o risco (premeditado) de não ser “compreendido”, mas se tal não tivesse sucedido, creio que então sim tudo tinha falhado. Se apenas tudo o que for óbvio ou eximiamente executado for considerado arte, estamos então sim a caminho do anular da própria arte. O objectivo verdadeiro da arte não é entreter público, é romper com modelos anteriores. Eu entendo a arte como o corpo do pensamento filosófico, embora tenha presente que para muitos a arte é um conceito difuso, onde se englobam todas as actividades que não impliquem “sacrifício da alma” para produzir seja o que for, o que também não deixa de ser verdade. Seja como fôr, não me lembro de abanão tão grande como este, no cenário “artístico” de Torres Vedras. Quanto à relevância artística do momento da “garrafa no cu”, bom… na altura considerei-o redundante, por achar que iria ter um efeito dramatúrgico semelhante ao da contraluz em fotografia, i. e. reduzir todo o espectáculo àquele momento, apagando o resto da memória de todos e inibindo a percepção cognitiva e sensitiva do restante evento, para quase todo o publico. Efoi isso que sucedeu, e não creio que foi sem querer… Para terminar com um “comic relief”, remeto-me ao Ricardo Araújo Pereira: ” O meu filho nos escuteiros??? Nunca!! Eu quero é o meu filho na droga!! Porquê!? Ora porque andar na droga é de homem!!! “
Rui Matoso — Grandiosa síntese Luis Rafa T Matos !!! mas não creio que a “polémica” seja devido a uma cena de masturbação homoerótica, não creio que o nu, a sexualidade, etc…sejam ainda polémicos, designadamente porque as críticas ofensivas que apareceram neste post é de pessoal jovem e de mente aberta. Aliás antes houve um outro espectáculo “Radical Wrongg” tb muito forte, houve simulações de violações, caralhadas, etc… E aliás, isto esteve há pouco em Lisboa no Teatro São Luís e foi uma festa…http://www.youtube.com/watch?v=paemI231rrg
Luis Rafa T Matos — Sim claro, nada disto é novo. O Eurípedes além de ser um dos tipos que inventou o teatro, animou bem as hostes à época, nomeadamente com as “As Bacantes”, que continua a ser uma impressionante peça de teatro mesmo nos dias de hoje! Em termos latos assemelha-se muito mais a uma peça dos “La fura del Baus” do que a um teatro “clássico”… o que diz muito sobre a contemporaneidade da coisa, e tendo em conta que é uma obra com 2500 anos… (Ops!! Se calhar o teatro não se tem inovado assim tanto em termos dramatúrgicos…! ) O que me parece é que não existe o hábito de encarar a arte como instrumento disruptivo, pois é incómodo e até arriscado do ponto de vista institucional… Ainda assim, relembro que o grande objectivo de teatro é o de provocar no público a catarse! E que sem esta, toda e qualquer peça de teatro é um falhanço (pelo menos para o Gregos) ! Acho que esta peça ( Residência artística), no meio de todo o alvoroço caótico, acabou por provocar certamente mais catarse que uma peça da Eunice Muñoz encenada pelo Diogo Infante… ( com todo o respeito pela senhora e senhor) digo eu!
Inês Gomes Pimenta — Isto tudo se resume ao ditado popular que diz que Torres Vedras é a terra dos aborrecidos… Não estive lá para ver (com muita pena minha) mas acho sinceramente que virem aqui dizer mal de quem tem “cojones” para fazer tudo isto só mostra os retrógrados que são. Mostra o quão aborrecidos são que nem se conseguiram rir com tal performance, podem crer que eu se lá estivesse ia-me fartar de rir com toda esta situação. É por estas e por outras que não dá gosto nenhum viver no meio desta gentinha aborrecida…
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